quarta-feira, 14 de outubro de 2009


Busca pela boa terra
Países ricos, mas com pouca área cultivável, compram ou alugam áreas no exterior para plantar a própria comida

Thomaz Favaro

O Emirado do Catar é um microestado do Golfo Pérsico rico em petróleo e gás, mas pobre em solos. De sua área total, apenas 21 000 hectares – menos de 2% – são próprios para o cultivo agrícola. A maior parte dos alimentos é importada.
Na semana do dia 05/12, o país anunciou que está próximo de triplicar sua área agrícola com o arrendamento de 40.000 hectares no Quênia. Em troca, vai investir 3,5 bilhões de dólares na construção de um porto na ilha turística de Larnu, na costa do país africano. Outros acordos lhe permitirão plantar arroz no Camboja, milho e trigo no Sudão e vegetais no Vietnã. O emirado faz parte de um grupo de países que buscam ampliar sua produção agrícola com a compra ou o arrendamento de terras no exterior, onde o clima e o solo são mais propícios ao cultivo agrícola – um grupo que não cessa de ganhar novos membros.

O impulso desse movimento foi o aumento do preço dos alimentos no mercado internacional, que chegou a 83% nos últimos três anos. Países insulares ou desérticos, com poucas terras disponíveis para a agricultura, são particularmente afetados. A China já fechou acordos agrícolas com trinta países. A Arábia Saudita dispõe de 1,6 milhão de hectares na Indonésia para o plantio de arroz. Toda a sua produção de trigo será transferida para o exterior até 2016. Muitas vezes, a compra é feita por empresas privadas.
Em novembro, o conglomerado sul-coreano Daewoo anunciou o arrendamento de 1,3 milhão de hectares – equivalente à metade da área do estado de Alagoas – na ilha de Madagáscar. A empresa pretende colher 5 milhões de toneladas de milho nos próximos quinze anos e enviá-los à Coréia do Sul, que importa 60% dos alimentos que consome. As terras brasileiras também estão na mira. No ano de 2007, um grupo japonês adquiriu 100 mil hectares no Maranhão, em Minas Gerais e na Bahia, destinados à plantação de soja.


Fonte: Revista Veja - 10 dez/2008

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